quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Primeira Vez que Vi Paris - Marília Galvão


Sempre quis conhecer Paris. Desde jovem. Um amigo me disse – mas ainda és jovem, só que há mais tempo. Pois na maturidade, fui a Paris. Essa cidade invadiu meu ser pelos cinco sentidos. Não tive medo de ser feliz. Vivi momentos gloriosos, inesquecíveis. Agora, com uma única palavra eu a defino – Surpreendente!
Estive lá em janeiro. Mesmo no inverno, com as árvores secas, o céu cinza, alguns flocos de neve e gelo no chão, você vai se deslumbrar com a paisagem da cidade e a agitação dos parisienses. O charme e a sofisticação estão em todos ambientes aonde você for. Aquecidos, por certo.
Paris conta história na arquitetura, nos museus, nas igrejas e avenidas, nos parques, teatros, até nos cemitérios. Lá tudo transpira arte, cultura, beleza, harmonia.
Estando lá, faça o lado clássico do programa. Suba na Tour Eiffel também ao entardecer, quando as luzes da cidade se acendem. Visite os museus. Há tantos. O Louvre impressiona pelo tamanho, pela arquitetura e pelo acervo de obras. O maior do mundo. Consulte o mapa e selecione o que você acha mais importante, a não ser que você tenha uma semana disponível tão somente para isso.
Gostei, em especial, do Musée d’Orsay. Trata-se de uma antiga estação de trem, transformada em lar dos impressionistas. Admirar telas de Monet , Renoir e outros me deixou extasiada. Puxa vida, eu estava diante das obras feitas por eles. Que vontade de vê-las também com as mãos! Claro que um segurança me impediria. Mãos nos bolsos.
Outro museu merecedor de uma visita é o Musée Cluny. Situado no Quartier Latin, construído em 1500, guarda tesouros misteriosos, armaduras, objetos, trajes e jóias dessa época. Expõe tapeçarias enormes, estilo millefleurs – muitas flores, animais e pessoas em cenas do dia a dia - descobertas no século XIX. A personagem central das tapeçarias é La Dame à La Licorne, cuja identidade é desconhecida, o que fascina o público e desafia a imaginação dos especialistas.
No Palais de Versailles também não se pode deixar de ir. Bosques, jardins, fontes, Le Grand e Le Petit Trianon. Você estará nos ambientes em que os reis da França viveram: Luís XIV, Luís XV, Luís XVI. Ah, e a Rainha Maria Antonieta.
Em Paris tudo é superlativo. Prepare-se para caminhar muito. Com esse pensamento, adentre pelas dependências do Musée de L’Armée e Hôtel des Invalides, primeiro foi quartel, depois hospital para as centenas de soldados feridos nas guerras. Na Igreja estão os restos mortais de Napoleão Bonaparte. Ali pertinho, caminhe pelas margens do Sena, pelo Jardin des Tuilleries, arredores de l’Arc de Triomphe e pela avenida mais charmosa do mundo - a Champs-Élysées. Se puder por ela andar tarde da noite, quando deserta, você entenderá o porquê de tanta magia.
Cada arrondissement de Paris tem encantos próprios. Um deles, o Marais, dos mais antigos, com suas ruas estreitas e a Place des Voges, prédios medievais, galerias de arte, lojas chiques e cafés convida para ficar. Montmartre é outro que, pelas características, quase me deixou sem fôlego. Não por subir suas ladeiras, mas pelo espetáculo que é ver Paris do alto da Basílica de Sacré Coeur, inclusive a igreja, muito linda. Ali pertinho, em frente à Place du Tertre, há um restaurante legal chamado Au Clairon des Chausseurs. Ali provei e amei os tais escargots. Montmartre é a colina dos artistas. Ao descer, na volta, pela Rue Lépic, onde Van Gogh morou, você vai dar em Pigalle, e verá o Moulin Rouge, cabaré criado em 1889, imortalizado nas telas de Toulouse Lautrec.
Tive a impressão de que Paris é uma cidade e muitas. Creio que tudo o que há de bonito está lá, tudo deve ser visto, a Igreja Notre Dame, o Panthéon, o Ópera Nacional Palais de Garnier. Tudo dá arrepios. O Sena, as pontes e os prédios próximos às margens. O que pulsa nas ruas, a imagem do homem com o realejo, o tocador de sax, os saltimbancos da Place de La Bastille, as crianças sentadas ao redor da escultura O Beijo, de Rodin, ouvindo a explicação da professora, os parisienses lendo no metrô...
Por falar neles, utilize a regra: os melhores restaurantes e cafés são os freqüentados pelos parisienses. Pode-se comer bem em qualquer parte de Paris. Restaurantes, bistrôs ou brasseries são atrativos, pitorescos, aconchegantes. Os cardápios estão expostos pelo lado de fora com os preços. É tradição servirem, junto com a refeição, pain e moutarde. Isso não é cobrado, nem a carafe d’eau que você pedir. Os vinhos são ótimos.
Recomendo como imperdível um dos restaurantes mais conhecidos de Paris – La Coupole, no Boulevard de Montparnasse inaugurado em 1927. Além do cardápio rico, a decoração é Art Nouveau, com pinturas de artistas da época. Lembre-se, quando entrar, de pensar em Picasso, Hemingway, Sartre, Gainsbourg, Jane Birkin...
Quanto aos cafés, são muito românticos.
Paris me fisgou também pelos detalhes. E que detalhes! Como não ver a iluminação, os lampiões, as cabines telefônicas e as bancas de jornais, as grades do chão ao redor das árvores, vitrines, fachadas, portas, janelas, entradas de metrô remanescentes da Belle Époque, os carrossseis...
Na Cidade Luz até o que é contemporâneo ou futurista convive em harmonia com a Paris tradicional - obras polêmicas e belas – a Torre Eiffel, a pirâmide de vidro do Louvre, a Torre de Montparnasse, o Bairro La Défense com prédios altos e modernos, o Centre Pompidou, museu de arte moderna com estruturas aparentes.
A primeira vez que vi Paris não será a última. Ainda ficou muito por descobrir e rever. Alguém me perguntou sobre o que eu mais gostei. Difícil responder. Lá tudo é único. Acredito que o melhor de Paris pode ser desvendado por conta própria, por cada um.

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