O mundo do nada não existe. Pelo menos se você está vivo. Até mesmo a meditação alguns diziam: é pensar em nada. Como foi bom conhecer o pouco que aprendi sobre o assunto para saber que isso não tem fundamento.
Um livro que me deixou extasiada na tentativa de apresentar a não existência foi Malone morre, de Samuel Beckett. Sugiro a leitura quando você estiver de bem com a vida, porque, apesar de ser uma das obras mais extraordinárias e verossímeis que li, ela anda em estado permanente de depressão.
O artista travado. Quem disse isso? Hoje estou meio travado? Na verdade, não é o fato de que ele não tem nada para pintar, esculpir, escrever... Ele acordou exigente demais. Logo deve pintar uma das melhores obras de sua vida. Quem sabe?
Eu que não tenho obrigação nenhuma, mas gosto de brincar com as palavras. Acho o máximo quando os contos caem no colo. Vou anotando e guardando em uma pastinha para a hora que der vontade de escrever. Não existe o mundo do nada. Sempre tem algo no horizonte, nem que seja a própria morte.
Nos anos noventa, eu pensava em móveis brancos, uma casa nua de objetos. Hoje tenho meus móveis todos brancos - aquele branco sujo claro, não o brancorroroso - mas tenho objetos que compramos juntos, ganhamos, adoramos. Cada um deles têm sua história. Daria um livro.
Do nada, o mundo não existe. Eu ainda não decidi se quero ser cremada ou enterrada. Se for enterrada, seria menos egoísta. Serviria de refeição para um monte de seres vivos. Enfim. Enquanto estivermos vivos, tudo é uma possibilidade. O nada só vem depois. Enquanto isso, vamos aproveitar tudo. Se você não lembra de onde veio aquele objeto, tire da sua estante branca, deixe lá só os que têm história para contar. Ou vá pelo mais difícil: invente!
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