segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O bem-estar de cada um, por Ângela Broilo



É difícil falar até para os mais queridos o que gente tem vontade de dizer. Esses dias comentei com uma amiga sobre uma pessoa. Falamos que o indivíduo em questão ficaria bem melhor com um visual moderno, menos idoso e talvez até se desse melhor na profissão apenas com uma mudança externa. Nós duas saberíamos até o que fazer. Aqueles papos frívolos que mulheres têm de vez em quando. Não que homens também não tenham, aposto que sim. Eu disse: Era só ele vestir assim, assim, cortar o cabelo de tal forma... Enfim... estava pronta a receita.
Minha amiga, que tem duas décadas de experiência com pessoas a mais do que eu, disse: “ eu só falo se ele me perguntar!”. Fiquei pensando nisso. Aos quarenta, ainda tenho o impulso burro-sabe-tudo dos vinte. É aqui que preciso me corrigir. Pensava ter amadurecido neste sentido. Correr o risco de ferir as pessoas pensando estar auxiliando é o tipo de coisa que se aprende com a maturidade. Não vale a pena. Nem tudo que eu penso estar certo é correto para os outros. Meus conceitos são apenas meus. O respeito à forma de ser e agir do outro é o jeito mais sábio de viver. Se alguém perguntar, muito cuidado. Eventualmente, o seu querido ou querida amiga pode estar querendo ouvir uma confirmação dos próprios pensamentos. Não dizer nada pode ser a melhor escolha. A contra-pergunta existe desde os gregos. É meio irritante. Mas se eu conseguir fazer a pessoa ouvir os próprios pensamentos é muito melhor para ele e para mim. Aí sim vou ter certeza se quer mesmo a minha colaboração ao invés da minha confirmação. Se for esta última, juro que me calo. Só vou dizer que estou aí para apoiá-la, qualquer que seja sua decisão, mas que existem várias perspectivas a pensar, para fazer o que lhe trás bem-estar. Conto nos dedos de uma mão as pessoas que posso falar sem pudor e tenho certeza que, se estão perguntando, é para ouvir uma resposta sincera sua. Caso contrário, não perderiam tempo perguntando. Isso a gente fica sabendo pela convivência, pelos anos de amizade, pela força que você detecta na pessoa em questão.
Em meu tempo de vida, aprendi que só existe uma bússola a seguir: não é a felicidade. Essa é o ouro dos tolos. O bem-estar de todo dia é a bússola. Se você consegue manter esse bem-estar, aí a sua vida está nos eixos. Decidi isso para a minha vida. Quero um bem-estar manso, aquele que vem devagarinho, mas bate ponto todo dia, acusando tranquilidade, mesmo na dor, mesmo na alegria. Você sabe que ele está aí e pode contar com ele e retornar a ele sempre. Porque é seu. Você o conquistou com uma dedicação de vida inteira.     

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